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Coloque-se no lugar de seu filho
Vocês são pais excelentes, claro, mas já parou para pensar se você realmente entende o seu filho? Já imaginou uma nova forma de ouvir e conversar? Essa é a proposta da psicóloga Dina Azrak, em seu novo livro A linguagem da empatia. Saiba mais
Bruna Menegueço
Após um dia cheio de tarefas, estresse e trânsito, você chega atrasada para buscar sua filha na escola. A professora, com cara de poucos amigos, pergunta se você esqueceu a criança. Para completar, você percebe que sua filha está chateada com o atraso. No carro, pelo retrovisor, dá para perceber que ela não quer papo. Mas você tenta: -Poxa, filha, não vai dar nem um sorrisinho para a mamãe? A menina cruza os braços, enfezada. -Então, você acha que a mamãe se atrasou de propósito, né? Deveria se sentir grata por eu vir buscá-la depois desse dia tão difícil.Se você se identificou com essa situação, vai adorar os conselhos da psicóloga Dina Azark, autora do livro recém-lançado A linguagem da empatia (Ed. Summus, R$ 29,90). Nesse livro, a especialista ensina um novo " idioma " que promete melhorar o relacionamento entre filhos e pais – o criancês. Essa linguagem baseia apenas em se comunicar com as crianças de maneira atenciosa, protegendo seus sentimentos, evitando as avaliações e os julgamentos tão automáticos que fazemos o tempo todo. “No começo, vai parecer artificial, mas não desanime”, diz a autora.O livro dá sugestões práticas de como os pais poderiam agir. No " criancês ", a situação acima poderia se desenrolar de forma diferente.-Puxa, estou vendo uma menina bem zangada no banco de trás. (Com essa frase, a mãe muda o foco da discussão e capta os sentimentos da filha. Abre-se um canal de sintonia afetiva entre elas). -Estou muito, muito brava! -Hummm... (Essa interjeição reconhece o sentimento da criança em vez de negá-lo. -Você demorou! Fiquei com medo que você não viesse me buscar mais. -Eu garanto que você não iria dormir na escola.Veja algumas dicas para testar essa linguagem no seu dia a dia:• Ouça seu filho com toda a atenção. Falar para um pai desatento é desencorajador. Muitas vezes, a criança só precisa de um silêncio acolhedor. • Compreenda os sentimentos do seu filho. Em vez de fazer perguntas e oferecer conselhos que julgam, reconheça o que ele está sentindo com uma palavra. Pode ser um “Oh”, “Hum”, “Sei”. • Dê nome aos sentimentos da criança. É confortante para ela saber que alguém reconheceu o que está vivenciando: “Isso deve deixar você com raiva mesmo”. • Realize os desejos da criança brincando com a fantasia. Se não puder atender aos desejos do seu filho, não explique com tanta lógica: “Qual super-herói você gostaria de ser para nos tirar desse trânsito?” • Não ameace seu filho, explique, acrescente uma informação. Ao surpreender o filho de 4 anos escrevendo na parede, diga com voz firme: “As paredes não forma feitas para escrever. O papel, sim!”. Se você tivesse o ameaçado, a criança entenderia como um desafio, ficaria mais ansiosa e faria novamente. • Ponha-se no lugar do seu filho. Quando você inverte os papéis, consegue entender a reação da criança e fica mais fácil, conversar e resolver. • Use a criatividade para resolver as confusões do dia a dia com seus filhos. Uma boa dica é escrever um bilhete. Essa ideia serviu direitinho para um casal que gostaria de dormir um pouco mais aos domingos, mas era impossível porque as crianças corriam para o quarto assim que acordavam. Uma manhã, eles encontraram um cartaz na porta: FAROL VERMELHO – PAPAI E MAMÃE DORMINDO. As crianças atenderam ao pedido e voltaram mais tarde. O cartaz, então, dizia: FAROL VERDE – QUEREMOS BEIJINHOS DE BOM DIA!